Estudante e professores rejeitam novo ensino médio do Brasil, diz UNESCO

Dados divulgados são apenas uma parte da pesquisa cujo relatório final deverá ser concluído em janeiro de 2024

Por Da redação | www.portalalagoasnt.com.br 19/12/2023 - 09:55 hs
Foto: Divulgação


A implementação do Novo Ensino Médio tem sido motivo de insatisfação para a maioria dos estudantes, professores e gestores de escolas. Essa é a conclusão preliminar de uma pesquisa realizada pela Unesco em escolas públicas estaduais que adotaram o novo modelo no ano de 2022.

 

 

O levantamento entrevistou 2,4 mil pessoas, entre professores, gestores e estudantes, por telefone ou presencialmente, no período de junho a outubro de 2023. Os dados divulgados são apenas uma parte da pesquisa, cujo relatório final será concluído em janeiro de 2024.


De acordo com os resultados apresentados até agora, 56% dos estudantes, 76% dos docentes e 66% dos gestores estão insatisfeitos com as mudanças promovidas pelo Novo Ensino Médio. Por outro lado, 40% dos estudantes, 17% dos docentes e 26% dos gestores se declaram satisfeitos. Além disso, há um grupo que não soube opinar ou não respondeu.


O Novo Ensino Médio foi aprovado em 2017 e começou a ser implantado nas escolas em 2022. Desde então, essa reforma tem gerado polêmicas e está sendo discutida novamente no Congresso Nacional. A proposta é que parte das disciplinas seja comum a todos os alunos do país, conforme estabelecido pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Já na outra parte da formação, os próprios estudantes podem escolher um itinerário para aprofundar seus conhecimentos em áreas como linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas ou ensino técnico. No entanto, a oferta desses itinerários depende da capacidade das redes de ensino e das escolas.


Segundo a pesquisa da Unesco, 86% dos estudantes têm interesse na Formação Técnica e Profissional, mas apenas 27% dos gestores afirmaram oferecer disciplinas ou cursos dessa natureza em suas escolas.

 

 

Os resultados também mostram que os gestores consideram como principais desafios para a implementação do novo modelo a formação continuada de professores e gestores (apontado por 74% dos entrevistados), a adequação da infraestrutura (67%) e a obtenção de apoio técnico e material didático (67%).


Já os professores apontaram como inadequada a formação recebida para implementar tanto a BNCC (59%) quanto os itinerários formativos (64%).


A coordenadora do setor de Educação da Unesco no Brasil, Rebeca Otero, destaca que essa pesquisa foi realizada com o objetivo de subsidiar as decisões do Ministério da Educação (MEC) e dos estados. Ela ressalta que é necessário levar em consideração o descompasso entre o que é demandado pelos estudantes e o que está sendo ofertado nas escolas, visando melhor atender às necessidades tanto dos alunos quanto dos professores e gestores.


Rebeca Otero defende ainda que é importante ouvir as vozes dos envolvidos nesse momento, além de buscar constantemente melhorias no sistema educacional. Ela salienta que não se pode deixar de mudar apenas porque já foram investidos recursos na implementação do Novo Ensino Médio.


Com base nos dados obtidos até agora, espera-se que a pesquisa da Unesco possa contribuir para o aprimoramento do Novo Ensino Médio e para uma educação de qualidade no país.